O QUE É INTERCESSÃO

A INTERCESSÃO:
Interceder é colocar-se no lugar de outro e pleitear a sua causa, como se fora sua própria. É estar entre Deus e o outro, orar a favor destes, tomando seu lugar e sentindo sua necessidade de tal maneira que luta em oração até a vitória na vida daquele por quem intercede.
Portanto,  o interceder é um profundo ato de amor.  Tanto que a Igreja Católica inclui a intercessão nas 14 obras de misericórdia,  como a 7ª obra de  misericórdia espiritual. 
 
O INTERCESSOR:

O intercessor deve ser alguém capaz de ter empatia, ou seja: Capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer. 
Colocar-se no lugar do outro,  e compadecer do seu irmão.  Compadecer significa "padecer com" sofrer junto. São Paulo escreve aos Romanos no capítulo 12,15 assim: "Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram".
O intercessor que apenas reza pelo seu próximo,  mas sem sentir com ele. Sem compaixão e amor,  vive no raso e sua oração não tera êxito. Porque de fato não são as palavras da oração que chegam a Deus,  mas o sentimento que a move. Deus sonda o amor ou a soberba que motiva uma oração.  Deus não se impressiona com palavras,  mas o que move a mão de Deus é a humildade,  compaixão e amor que geram essa oração.  Por isso a Bíblia diz em Tiago 4,6 "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes."
Quantas vezes Deus realizou grandes milagres através da oração de pessoas simples, pobres, analfabetas, mas que ao rezarem movimentam o céu em seu favor. 
Me lembro da minha Avó, que era analfabeta, não sabia falar corretamente muitas palavras.  Criada na roça desde o nascimento.  Mas com uma humildade imensa e uma fé tão convicta. E quantos milagres alcançou com sua oração tão simples. Ela era a intercessora da família.  Rezava dia e noite pelos filhos e netos. Quantos livramentos recebemos, quantas portas se abriram por essas orações!

PORQUE INTERCEDER? 

Poderíamos pensar o seguinte: Porque interceder por alguem que pode rezar por si mesmo? Porque interceder se todos podemos falar com Deus diretamente?
A resposta está na profundidade do que já falamos até aqui. Deixar suas próprias causas para orar pelo seu próximo, satisfaz o coração de Deus,  pois cumpre adequadamente o mandamento que dele mesmo recebemos: "Amai-vos uns aos outros"... É natural que eu reze por mim, por meus projetos e interesses,  não faço coisa extraordinária nisso.  As vezes posso ser até egoísta nas minhas orações.  Mas aos olhos do Senhor é muito agradável ver irmãos que se importam com a causa do outro,  e roga a Deus por coisas que não são seus próprios interesses.  

A Bíblia está repleta de intercessão.  Porque Deus quer que sua graça seja comunicada através de nós. Abraão suplicou por Ló e este foi liberto da destruição de Sodoma e Gomorra; Moisés intercedeu pelos hebreus inumeras vezes e foi ouvido; Samuel orou constantemente por Israel; Daniel orou pela libertação do seu povo do cativeiro;Davi suplicou pelo povo. Ester intercedeu pela vida de seu povo. Cristo rogou por Seus discípulos e fez especial intercessão por Pedro; Paulo é exemplo de constante intercessão, e pedia sempre aos cristãos que orassem por ele...É impossível citar aqui todas as vezes na Bíblia que Deus curou alguém, ou realizou um milagre por intercessão de outro.  

INSTRUMENTOS DE INTERCESSÃO:

A intercessão sincera tem o poder que nenhuma oração tem. As duas asas que fazem a oração subir tão direto a Deus: HUMILDADE e COMPAIXÃO.  
Aquele que recebe a oração demonstra grande humildade ao se reconhecer necessitado dos irmãos,  ao reconhecer a graça de Deus na vida do intercessor.  E essa humildade de quem recebe a intercessão se encontra com o Amor,  com a compaixão do intercessor gerando assim uma atmosfera espiritual perfeita para o milagre, para a graça de Deus.  

A ARMA MAIS PODEROSA

O Intercessor precisa rogar ao Espírito Santo que lhe dê uma arma poderosa no seu ministério.  Não é um crucifixo,  nem uma medalhas nem uma oração específica. Embora tudo isso seja útil e piedoso.  Porém há uma arma indispensável e poderosa. Sem ela a oração são só palavras vãs, e os crucifixos, água benta e medalhas se tornam só amuletos. Essa arma poderisa é o Dom da Fé espectante. 
A fé é um dom e é desejo de Deus dar esse dom a mim e a você. No momento da dor e da dificuldade é momento de permanecer firme e acreditar que Deus está conosco.
Em Mt 8, 1-3, diz que o leproso, pela fé, acreditava que Jesus, se quisesse, podia curá-lo. E pela fé que ele teve em Jesus, foi curado. Isso é um exemplo de fé carismática. Ele proclamou antes de ver a cura, que Jesus tinha poder para realizá-la. 
Mais a frente no versículo 6, veremos um Odicial que corre até Jesus e roga por seu criado que está muito doente, e Jesus diz que vai curá-lo,  mas o Oficial com muita humildade diz: "Senhor não sou digno que entreis em minha casa"...E com muita fé completa a oração"...Mas diz somente uma palavra e meu criado será curado". A Bíblia diz que Jesus se admirou da fé deste oficial. 
O intercessor não tem fé que Deus age e cura. Ele tem fé que Deus está agindo e curando agora. Percebe a diferença? 
E necessário crê que nesse momento que estou orando Deus está operando suas maravilhas.  
"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos." Hebreus 11,1.

COMO, QUANDO, ONDE INTERCEDER?

Interceder na prática é orar a Deus em favor do próximo. Esteja ele perto ou longe.  O intercessor não é chamado a Interceder somente por quem pede intercessão,  mas também por todas as situações que lhe aparecem.  Quando alguém é chamado para Interceder,  vive Intercedendo. Intercede ao ver uma ambulância passando apressadamente com suas Cirenes ligadas,  intercede ao ouvir o casal de vizinhos brigando,  Intercede ao ver a notícia de um desastre lá nas Philipinas, intercede pelas vítima da guerra,  pelos governantes e pelos seus perseguidores e inimigos. 
1TIMOTEO 2, 1ss diz: "Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens. Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador. Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade."

Essa intercessão é feita onde você estiver. Não precisa de grandes gestos, ajoelhar na rua ou erguer as mãos.  Basta elevar a Deus o pensamento e com compaixão, humildade e fé,  dizer: "Senhor tome essa causa, intervenha nessa situação,  faça um milagre em nome de Jesus..." Não necessariamente nessas palavras, mas nessa intenção. 

QUEM PODE INTERCEDER?

Todos nos somos intercessores.  Embora certas pessoas sentem mais especificamente este chamado,  a intercessão é uma missão própria da natureza do Cristão.  
A Igreja existe justamente para intermediar entre Deus e os homens.  Fazemos parte dessa Igreja,  deste corpo Místico de Cristo que deseja comunicar através de seus membros a sua graça. 
Portanto a intercessão é de Mãe e Pai para seus filhos e vice-versa. É de Padres para leigos e vice-versa, Marido e esposa etc...
Portanto interceder é antes de tudo um dever.  Colocar-se na presença de Deus em favor do teu próximo não é exclusividade de alguns,  e sim um dever de todos. Interceder é amar, é ter compaixão e agir com misericórdia.  
Quem é o intercessor por excelência? Jesus Cristo. 
Em 1TIMOTEO capítulo 2 versículo 5 diz assim:
"Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem." Portanto Jesus Cristo é o mosso Mediador entre nós e Deus. E através de Jesus Cristo nos tornamos unidos a ele, mediadores de oração. 
No versículo 6 veremos que Jesus é único Mediador no sentido de Salvação,  de redenção ou seja, o unico que pagou o preço de sangue para nos salvar. "⁶O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo." 
Se tomarmos essa mesma passagem Bíblica desde o versículo 1 veremos que todos nós somos convocados a sermos também intercessores de oração: "1Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;
2 Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;
3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,
4 Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade."

Portanto o texto nos revela que Jesus Cristo é o unico Mediador entre Deus e os homens no sentido de salvação. E em Jesus Cristo somos todos chamados a sermos intercessões de oração.  
Imaginamos duas ilhas, e uma ponte que liga essas ilhas. Uma Ilha é Deus,  a outra Ilha é a humanidade,  e essa ponte é Jesus Cristo.  E nós somos convidados a transitar por essa ponte carregando orações em favor dos irmãos. 
Portanto a intercessão nos une a própria missão Mediadora de Jesus,  nos faz participantes dessa missão de levar vidas a Deus. 

INTERCESSORES NO CÉU E NA TERRA 

De tal modo a intercessão faz parte da missão da Igreja,  que além de termos intercessores na terra, temos também no céu. Os Santos de Deus,  que já contemplam sua face na assembléia festiva dos justos,  apresentam a Deus clamores e orações. E nós como fazemos parte do mesmo corpo de Cristo do qual juntamente com os santos somos membros, somos beneficiados de suas orações. 
A Igreja é o corpo de Cristo.  E nós somos membros deste corpo. E quando morrermos não deixaremos de ser. Pelo contrário,  o seremos mais intimamente e perfeitamente.
Assim os santos são nossos irmãos,  membros do mesmo corpo que nós.  E por isso estamos unidos ao céu.  Isso é o que chamamos de comunhão dos Santos. Por meio do único corpo de Cristo nós a Igreja da terra somos uma só com a Igreja que está no céu.  
Apocalipse 8,5 diz assim: "Quando recebeu o livro, os quatro Animais e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfume (que são as orações dos santos)." Aqui nos é revelado através destes 24 Anciãos, que as orações dos santos se referindo a nós,  pois a Bíblia chama de santos os cristãos,  são apresentadas em taças de incenso diante de Deus.  Essa é a intercessão acontecendo no céu. Suas orações estão nessas taças. Outro exemplo está em Apocalipse 6, 9-10
"9 Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários.
10 E clamavam em alta voz, dizendo: “Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?” 
Aqui podemos ver as almas dos mártires de baixo do altar do Cordeiro clamando a Deus sua justiça sobre a terra. 
Esses mártires estão em íntima comunhão conosco fazendo parte do mesmo corpo de Cristo do qual somos membros. 
Portanto não rezamos sozinhos, nossa intercessão não é uma voz solitária que sobe da terra ao céu. Nossas orações são unidas as vozes dos mártires e misturada ao perfume dos santos e apresentadas diante de Deus. Portanto ser intercessor é viver essa Mística comunhão com o céu. Saber que nossas orações são ouvidas e unidas as orações de milhares de vozes que chamam no céu.  Ser intercessor é ser participantes dessa sublime assembleia dos que apresentam a Deus orações em favor dos irmãos. 

GRANDE E SIMPLES 

Ser intercessor portanto, é uma missão grandiosa se olharmos por essa ótica. Quem somos nós para nos unir aos Santos do Céu para apresentar orações a Deus por outros? Porém na grandeza dessa missão da qual nos achamos tão pequenos e indignos, está justamente a chave da humildade e pequenez.  Não somos chamados a Interceder porque somos grandes como os santos,  mas justamente por sermos pequenos e necessitados deles.  Interceder é depender dessa ponte que é Cristo,  e das orações dos que já estão no céu. 

COMO ATUA UM INTERCESSOR?

Agora que já compreendemos a natureza da intercessão,  a missão do intercessor,  as armas que devemos usar, a grandeza e humilde dessa missão,  e a maneira que ela nos une a Cristo e o céu.  Vamos entender na pratica este ministério. 

Como já vimos o intercessor exerce seu ministério em todos os momento e lugares. Mas existem momentos específicos e situações próprias onde este ministério atua. 
Um deles é o grupo de oração.  

NO GRUPO DE ORAÇÃO 


No grupo de oração os intercessores oram juntos dias antes da reunião do grupo de oração.  Ali eles se unem para clamar a Deus pelos Pregadores,  músicos e as pessoas que vão estar no grupo de oração.  Pedem a Deus direcionamentos, revelações e palavra para aquele dia. 
No dia do grupo de oração,  os intercessores continuam intercedendo por aquele momento que está acontecendo os louvores,  pregações etc...
O intercessor também acolhe aqueles que choram, ou que repousam no Espírito,  ou quem Deus mover o coração do intercessor para rezar. 
Quando alguém está ali no momento de oração e o intercessor se aproxima impõe suas mãos,  a intenção é dar amparo e ajudar aquele irmão a viver com entrega aquela experiências com Jesus. Quando a pessoa se vê apoiada por um intercessor, ela costuma se entregar ainda mais, chorar ainda mais, pois se sente acolhida, vista pelo próprio Deus,  e sabe que aquele é o seu momento de receber oração.  A Renovação carismática católica em seus grupos de orações. Tem uma orientação específica para intercessores.  Assim um intercessão de grupo de oração,  precisa buscar formação na Renovação carismática através de suas Apostilas e encontros de formação. 

Um intercessor não precisa necessariamente ser membro do movimento RCC.  Temos intercessores de Novas Comunidades e intercessores que nem pertencem a grupos e movimentos mas que rezam em suas paróquias e casas. Porém é mais seguro estar em um grupo ou movimento,  para ser bem orientado e não se deixar levar por achismos ou cair em Superstições.  

ATENDIMENTOS DE ORAÇÃO 

Além dos grupos de oração,  existem as novas comunidades.  As comunidades geralmente promovem encontros e missões,  por isso também carecem de intercessores que rezem pelas obras, missões,  encontros etc...Porém também muitas comunidades fazem atendimentos de oração individuais. Ou seja, atendendo pessoa a pessoa.  Esses atendimentos são muito importantes e eficazes,  pois ali no particular,  a pessoa tem a oportunidades de se abrir,  desabafar, chorar, falar coisas específicas que estão acontecendo em sua vida, e receber uma oração mais direcionada a sua realidade.  

AMBIENTE DO ATENDIMENTO 

O atendimento individual de oração precisa acontecer em lugar apropriado. Sem presença de muitas pessoas,  membros da família,  etc... Por isso embora algumas pessoas pedem esse atendimento em casa. O ideal é a pessoa se deslocar até a casa de oração,  Capela ou local especial de atendimento.  Para evitar presença de famílias,  ou que as pessoas fiquem acomodadas a não irem a Igreja,  e usarem um ministro de oração como um guru a domicílio. Salvo casos de pessoas que por depressão ou outras condições que as impossibilite sair de casa. 

O local próprio de atendimento de oração,  precisa ser limpo,  arejado,  claro,  com sinais Sagrados como: Crucifixo,  imagem de Nossa Senhora. Cadeiras ou poltrona para o atendido e para o intercessor se assentarem de maneiras confortável para uma conversa. 
No local também tenha água benta para aspersão caso necessário,  e lenços descartáveis disponíveis,  pois na maioria dos casos os atendidos costumam chorar. 
Também é importante que tenha sacolinhas,  pois em orações de libertação,  pode ocorrer da pessoa atendida vomitar. 
No ambiente de atendimento,  é bom que esteja no mínimo dois intercessores,  e casa necessário no máximo 3. Pois muita gente junta acaba atrapalhando o atendimento,  ou deixando constrangido o atendido. 

COMO SE FAZ O ATENDIMENTO 
O atendimento começa com uma boa acolhida. O sorriso e a simplicidade que transmitam paz, segurança,  fraternidade.  Nada de cara fechada e olhar atravessado e desconfiado.  
Convide o atendido a entrar, sentar,  ficar avontade. Ofereça água,  explique onde a pessoa está: Ex: Aqui é nossa casa de oração,  onde atendemos as pessoas...
Isso faz com que a pessoa fique mais segura.
Também é importante se apresentar, de forma simples e objetiva.  Dizer seu nome,  o ministério que você exerce. 
Depois de apresentar o ambiente,  e os intercessores presentes,  diga para a pessoa que tudo que for dito ali naquele atendimento, ficará ali. Assegure o atendido da discrição, da confidência do atendimento. 
Depois pergunte a pessoa o seu nome, e o motivo que ela deseja o atendimento.  
É importante que somente um intercessor seja o porta voz de todos. Exceto para se apresentar. 
No decorrer do atendimento,  mantenha o contato visual.  A pessoa precisa saber que você se interessa e está atento. 

O QUE NÃO FAZER EM UM ATENDIMENTO 

Em um atendimento precisamos ter cuidado com algumas coisas. Não deixar o celular ligado, não olhar para o celular ou olhar todo tempo as horas. 
Não falar mais do que ouvir. Não olhar para o atendido.  Fazer expressões faciais de surpresa, medo, espanto, ironia, crítica etc...Isso bloqueia a pessoa,  e ela tem medo de se abrir.  Seja apenas neutro e acolhedor. 
Não jugue a aparência,  a falta de conhecimento ou de fé,  nem as atitudes e palavras ou o passado que a pessoa abrirá com você. 
Certa vez atendi uma Mãe de duas crianças. Essa mulher estava profundamente angustiada. E sua filha desenvolveu uma síndrome chamada tricofagia, ou seja,  a criança comia o próprio cabelo,  e já estava careca em certos pontos da cabeça. Tudo isso a mãe se abriu e me contou,  e a criança ao lado da Mãe ficou profundamente constrangida.  Então eu mantendo o rosto totalmente neutro ao que me era relatado,  apenas balancei a cabeça em sentido positivo como quem compreendia perfeitamente. Isso ajudou a criança a ficar menos envergonhada. Imagine se eu faço expressão de espanto, ou olhe para a criança e balance a cabeça negativamente.  Eu bloquearia aquela criança e ela se sentiria um E.T...Porém a pior parte não foi essa. A mãe pediu para a filha se retirar, e me disse:"Pablo, as vezes penso em matar minhas filhas e depois tirar minha vida"...Essa mãe só teve a coragem de confessar isso,  porque se sentiu segura e certa de que não seria julgada pu constrangida,  mas sim aconselhada, compreendida e acolhida.  
Compreender não significa concordar,  significa na verdade dizer: "Eu entendo porque você sente,  pensa ou fala isso".
É importante também saber que não podemos julgar os erros das pessoas ou nos impressionar com estes mesmos erros. É necessário ouvir com naturalidade as coisas mais difíceis: desejo de suicídio,  Confissão de adultério, desejos sexuais ocultos, experiências sobrenaturais etc...Cada pessoa tem a sua história,  e cada uma tem um grau de entendimento. 

SIGILO 

Ao atender pessoas,  precisamos ter a virtude da lealdade.  Eles vão abrir a vida diante de nós.  E assim precisamos nos comprometer diante de Deus a nunca falar para outras pessoas.  O que se fala em um atendimento de oração,  ali fica. Entregamos no coração de Jesus e guardamos.  É muito importante não fazer atendimento de pessoas conhecidas nossas. Pois coisas que a pessoa disse no atendimento,  pode acabar sendo espalhadas no meio do convívio e essa pessoa por conhecido,  pensar que foi você quem fez fofoca. Atender pessoas desconhecidas nos da mais segurança e liberdade,  além de facilitar no discernimento das moções que o Espírito Santo vai nos conceder. 
Este sigilo além de ser uma postura cristã,  é também uma questão de maturidade e ética.  Trair a confiança de alguém é quebrar um cristal. E quando isso envolve um atendimentos de oração,  se torna um grande pecado e um mau testemunho de cristão.

CARISMAS DO ESPÍRITO SANTO NA INTERCESSÃO 
Palavra de Sabedoria, palavra de Conhecimento (ciência), Fé, dom da Cura, Operações de Milagres, Profecia, Discernimento de espíritos, Variedade de Línguas e Interpretação de línguas.
Estes são os dons carismáticos do Espírito Santo. 
Estes dons não são novos. Na verdade desde o princípio da Igreja estes dons estiveram muito vivos e presentes.  
Porém surgiu um homem chamado Montano que segundo uma enciclopédia de história da Igreja Cristã, deu início a uma heresia que passou a ser chamada de: "Montanismo" que surgiu na Frigia, na Ásia Menor Romana (Turquia), por volta do ano 172. O Montanismo dava muita ênfase aos dons carismáticos e as experiências pentecostais. Porém não era este o problema do Montanismo, mas sim o fato de que ao dar maior ênfase aos dons, caiu no profundo misticismo,  passando a negar a autoridade da Igreja. Montano chegou a sugerir que ele era o próprio Paráclito,  e anunciava o fim do mundo e a volta de Jesus para naqueles dias,  caia em extase e falava linguas incompreensíveis. Muitas pessoas começaram a aderir a este movimento. O Montanismo ainda fazia rigorosos Jejuns, proibia casamentos sob a justificativa de que Jesus já estava voltando e todos deveriam aguardar castos. 
Preocupados com o avanço do movimento, os bispos da Ásia Menor convocaram um ou mais sínodos, pouco depois de 160 e condenaram o montanismo. 
A condenação ao Montanismo era sem dúvidas necessário,  porém trouxe efeitos colaterais. 
Para apagar por completo a heresia do Montanismo, passou-se a suprimir as manifestações carismáticas. Os dons carismáticos passaram a ser vistos sempre com receio e desconfiança,  e a Igreja começou a caminhar para uma estação mais filosófica, acadêmica e racional. Os fenômenos místicos passaram a ficar cada vez mais restritos a mosteiros,  e muitas vezes serem ignorados ou desencorajados.
Porém o Espírito Santo continuou a manifestar seus dons. É o que podemos ver pelos relatos da vida dos Santos,  que ainda que a Igreja estava em sua era filosófica e intelectual, os santos experimentavam ainda fenômenos como Êxtases, visões, milagres,  profecias, revelações, etc...
Até que em 1835 nasceu em Lucca, nasceu Elena Guerra, uma mulher que viveu uma vida de leiga, servindo os pobres e catequizando crianças.  Em 1882, ela fundou uma comunidade de mulheres leigas na vida ativa de Lucca, dedicada à educação das meninas e dedicado a Santa Zita. Era uma comunidade sem votos, uma associação de voluntários dedicados ao ensino. Mais tarde, a instituição será reconhecida pela Igreja Católica como uma Congregação religiosa. Elena Guerra sentia um profundo ardor em seu coração de dar ao Espírito Santo a adoração, glória e louvor que lhe é devido. Ela percebia que a Igreja havia de certo modo "esquecido" do Espírito Santo, e que a solução para o mundo era o retorno ao Cenáculo. Um unânime clamor ao Espírito Santo,  para que Pentecostes fosse reavivado no seio da Igreja.  
Naquele tempo havia uma proliferação das práticas espíritas, a maçonaria e anticlericalismo do estado italiano fez com que Elena Guerra publicasse dezenas de pequenos livretos e convenceu-a de ir diretamente ao Papa Leão XIII, a fim de que a Igreja a redescobrisse a ação e o operar do Espírito Santo de Deus. Escreveu várias cartas ao Papa exortando com muita piedade a Igreja,  para o retorno ao Espírito Santo. 
E o Papa correspondeu suas solicitações,  pois também sentia a mesma necessidade. Depois de suas cartas, o Papa Leão XIII escreveu três artigos sobre o Espírito Santo. 
O Papa então consagrou o Século 20 ao Espírito Santo na celebração Eucarística que marcava a passagem do século 19 para o século 20, na noite de 31 de dezembro de 1990, quando o papa Leão XIII entoou o Veni Creator Spiritus e consagrou todo o século XX à pessoa do Espírito Santo.
Apartir daí a Igreja começou a viver um profundo retorno ao Espírito Santo.  O que culminou no movimento carismático, que visa reinflamar as práticas esquecidas dos dons carismáticos. 
Porém,  o que diferencia o mover carismático da antiga heresia Montanista?
Justamente os frutos. Enquanto os supostos carismas de Montano o afastava da comunhão com a Igreja,  o movimento carismático pelo contrário é marcado por um grande retorno a fé da Igreja e a obediência a fé Apostólica.  
Por isso na prática da vida carismática,  é fundamental observar a comunhão com a fé da Igreja. 
Não somos um grupo sectario herético, movido por revelações privadas, interpretações pessoais da Bíblia. 
Somos católicos. E por isso antes de falarmos sobre carismas do Espírito Santo,  é necessário frisar bem que a Igreja é a coluna e baluarte da verdade.  É dela que aprendemos a fé,  e devemos adequar nossa vida a fé da Igreja,  e não o contrário. 
Não podemos incorrer na miséria de achar que somos a "Voz do Espírito Santo",  como Montano achava. Lembremos que a Virgem Maria, ao ser comunicada do sublime chamado de portar em si o próprio Deus encarnado,  não se achou imbuída de alguma autoridade. Mas declarou-se "Escrava do Senhor."
O Catecismo da Igreja Católica, no número 2013, ensina: as graças especiais, também chamadas carismas, segundo o termo grego empregado por São Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Qualquer que seja o seu carácter, por vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas estão ordenados para a graça santificante e têm por finalidade o bem comum da Igreja. Estão ao serviço da caridade que edifica a Igreja.
Agora que já entendemos que os dons carismáticos são para edificação da Igreja, e não nos conferem autoridade maior que as Escrituras,  tradição e magistério.  Vamos entender um pouco de cada um destes dons.

O DOM DE LÍNGUAS 

O dom de línguas é tão simples que as pessoas podem encontrar dificuldades de crer. Geralmente quem não crê neste dom, é porque não sabe exatamente do que se trata,  então cria um espantalho cheio de imaginações e achismos,  e atacam sua própria ideia equivocada. 
Em primeiro lugar é importante saber que orar em línguas não é um êxtase,  um transe inconsciente.  Quem ora em línguas não perde o contrário da língua. A pessoa ora e para de orar quando quer. Logicamente isso é feito em espírito de oração e sob a inspiração suave e não invasiva do Espírito Santo.  
Outro ponto a esclarecer,  é que a oração em línguas não é um idioma como inglês,  japonês,  alemão etc...  Portanto não tem uma maneira ou palavras certas ou erradas. 
E por fim, precisava saber que existem dois tipos de dom de línguas.  O primeiro é aquele que se manifestou em Atos dos Apóstolos capítulo 2 na festa de Pentecostes.  Ali os Apóstolo falavam em idiomas desconhecidos por eles, ou seja,  idiomas humanos,  que eles nunca estudaram...E cada pessoa os ouvia falar no seu próprio idioma. 
Este dom se manifestou várias vezes no início da Igreja,  para que os Apóstolos pudessem evangelizar em todos os idiomas. 

O segundo tipo de dom de línguas é aquele do qual Paulo escreveu: “Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito” (I Cor 14, 2).
Portanto aqui fica claro que Paulo não está se referindo aquele dom de línguas que servia para evangelizar em outros idiomas. Mas Paulo está se referindo a um dom de línguas que não fala aos homens,  que ninguém entende além de Deus. 
Podemos compreender melhor ainda quanto Paulo diz aos Romanos: “Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza: porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus” (Rm 8, 26-27). 
A palavra inefável significa: Inexplicável,  que não da para descrever.
Este dom de línguas serve para a edificação pessoal I Cor 14, 4 nos diz: “Aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo”

A oração em línguas é para uso pessoal,  para sua oração particular.  Mas podemos reunir em assembleia e orarmos juntos em línguas. 
Porém quando alguém fala em línguas,  esse dom de línguas não idiomático, ou seja,  que ninguém entende. Outro deve interpretar o que foi dito. 
É bom compreender que interpretar não significa traduzir.  Tradução é pegar uma palavra em inglês por exemplo,  e traduzi-la em português.  Interpretar significa transmitir o sentido,  o sentimento, o mistério oculto sobre algo.  Portanto quando alguém fala em línguas e outro Interpreta. Ele não está traduzindo as palavras,  mas o Espírito Santo está revelando em seu coração o sentimento,  ou a profecia, o mistério.
A oração em línguas é um dom que nos leva a intimidade,  a abertura do coração a Deus.  Abandonar as palavras inteligíveis e compreender que Deus não carece de elaboradas palavras. 



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